Não será exclusividade do Brasil, às voltas com julgamentos, pesquisas e eleições, o aumento da volatilidade no mercado financeiro – especialmente em bolsa e dólar. Variações mais abruptas, depois de um longo rali global, estão no cenário global do Goldman Sachs, um dos maiores bancos de investimento do mundo. Ricardo Puggina, diretor do Goldman Sachs em Miami, fez nesta terça-feira (30) uma palestra em Porto Alegre a convite da Privatto Investimentos, na qual reafirmou essa perspectiva.
Para o banco, há poucas ameaças ao cenário benigno que levou a recordes na bolsa de Nova York a São Paulo. A maior, detalhou Puggina, seria o superaquecimento da economia dos Estados Unidos, resultado da reforma tributária de Donald Trump. Na avaliação do economista, um estímulo do tamanho do representado pelo corte de impostos não veio no melhor ponto do ciclo.
Isso significa que, depois de valorização de 22% na média das ações ao longo de 2017, as empresas ainda têm a perspectiva de elevar ganhos em ao menos 9%, como efeito da menor tributação já em vigor. O perigo que Puggina aponta é de que a melhora no desempenho das empresas, quando o desemprego nos EUA está baixo, acabe pressionando a inflação.
Caso isso ocorra, pode levar o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) a elevar o juro básico acima das expectativas. Isso provocaria queda de valor das moedas emergentes, entre as quais o real, ante o dólar. O risco de overdose de juro é baixo, avalia.
Mas com base no desempenho passado e no acumulado em janeiro, o economista previu forte aumento de volatilidade deste momento até o final do ano. A hipótese de bolha não está fora do diagnóstico de Puggina, mas ele destacou que muitos investidores ficaram fora do rali de ações por excesso de pessimismo.