Ao menos por um dia, a bolsa trocou suas referências. Em vez de colar nos movimentos dos pregões mundiais, como costuma fazer, o Ibovespa flutuou no ritmo do julgamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no TRF4, em Porto Alegre. O placar de três a zero era aposta majoritária de operadores e investidores em ações, e à medida que se confirmou, elevou os recordes. O que investidores e especuladores projetam, a partir do resultado, é a redução das incertezas sobre o cenário eleitoral.
Um dos motivos pelos quais a decisão unânime é bem vista no mercado financeiro é o fato de que esse resultado reduz a quantidade de recursos judiciais. Isso significa que o quadro eleitoral pode ser definido. Nesta quarta-feira (24), as praças europeias fecharam com quedas discretas, em torno de 1%, e as de Nova York (Nyse, 0,21% e Nasdaq, -0,56%) não tiveram dia positivo.
Depois do dia de extremos – na alta da bolsa e na baixa do dólar –, o mercado financeiro terá uma trégua hoje. A data marca o aniversário da cidade de São Paulo, o que significa feriado também no mercado financeiro.
A expectativa para os próximos dias é de que as referências habituais retomem seu posto, o que significa que há espaço para novas altas.
Embora ainda pairem dúvidas sobre a candidatura de Lula à Presidência da República, a decisão do TRF4 ajuda a organizar o quadro eleitoral. Do ponto de vista da ampla maioria dos operadores do mercado, um dos extremos na disputa sai enfraquecido, inclusive para transferir votos. Em tese, abre espaço para um perfil reformista.
Subida no fato e 'kit eleitoral'
Em tese, a bolsa sobe no boato – entendido aqui como a antecipação, não como informação falsa – e cai no fato. Não foi o que ocorreu nesta quarta. Depois da véspera marcada pela cautela, quando recuou 1,22%, o Ibovespa reagiu com mais do que uma recuperação. A alta de 3,72% foi a maior desde 3 de janeiro de 2017, quando havia subido 3,73%, com dados positivos sobre a China. Depois de abrir já em alta, o Ibovespa acentuou o movimento a partir do início da leitura do parecer do relator, João Pedro Gebran Neto e chegou ao máximo no fechamento.
Além de flutuar no ritmo dos pronunciamentos no TRF4, o pregão trouxe de volta o chamado “kit eleitoral”, conjunto de ações de estatais que varia sob influência política. Enquanto o Ibovespa subiu 3,72%, os papéis das principais estatais brasileiras tiveram saltos acima de 6%).
Festa no Exterior
Em pouco mais de 20 dias de 2018, entraram na bolsa brasileira US$ 6 bilhões de investidores estrangeiros. Esse valor representa 45% do total que ingressou no Brasil durante todo 2017. Apesar de toda alta acumulada desde setembro, quando foi quebrado o recorde de 73.516 pontos, que durava quase uma década – 12,6% – a redução do risco Brasil e o valor atual dos papéis ainda é considerado atrativo.
Dólar murcho
Entre julgamento e baixa global, o dólar fechou o pregão desta quarta em R$ 3,16. A queda de 2,44% representa o maior tombo desde 19 de maio, quando caíra 3,89% na correção do pânico com delação da JBS.