Desde 30 de novembro não se via uma queda tão forte na bolsa quanto a desta terça-feira, de 1,22%. Boa parte dessa reação ocorre por conta da tensão pré-julgamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Questões específicas afetaram determinados papéis, mas o que coordenou as vendas foi a tendência de cautela diante de uma decisão com poder de afetar não somente humores, mas o quadro eleitoral. A precaução é acentuada pelo fato de que o dia seguinte ao pronunciamento do TRF4, em Porto Alegre, ser feriado em São Paulo.
– É difícil alguém ter coragem suficiente para assumir posição de risco antes do feriado – pondera Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating.
Embora as apostas no mercado se concentrem em um resultado de 3 a 0 na confirmação da condenação de Lula, aos poucos as certezas cedem diante da variedade de recursos viáveis.
Como uma das regras da bolsa é tentar se antecipar aos fatos, e o humor deste início de ano era considerado “otimista demais” até por operadores, o movimento desta terça também permite embolsar alguns ganhos. E ainda abre espaço para reações rápidas em caso de confirmação das expectativas majoritárias.
Há expectativa de que a decisão saia até as 16h30min, o que significa que a bolsa teria pouco mais de uma hora e meia para reagir ao placar. Mas como há cenários inesperados – pedido de vista, adiamento da decisão –, a prudência recomenda posições mais conservadoras.
Entre as pressões de baixa, ações de siderúrgicas, Vale e Braskem ficaram entre as mais desvalorizadas. A petroquímica, dona do polo de Triunfo, é controlada por Odebrecht e Petrobras. Foi alvo de especulações de que a estatal prepararia uma oferta de ações para sair do comando da empresa.