Foi de alívio o day after da maior queda em pontos em um só dia na história da bolsa de Nova York. Embora na Ásia a terça-feira (6) ainda tenha sido de perdas pesadas, tanto no mercado de referência quanto no Brasil o que prevaleceu foi a reação. Como quedas superiores a 4% no Dow Jones, indicador mais tradicional de Wall Street, são raras e costumam estar atreladas a momentos de grande tensão, a alta de 2,33% no fechamento foi considerada a resposta à dúvida sobre se o declínio era uma correção esperada ou o estouro de uma bolha. Newton Rosa, economista-chefe da SulAmérica Investimentos, se inclina para a primeira hipótese:
– Houve uma acomodação logo depois de um momento de pânico. Se fosse uma crise mais séria, acredito que isso não ocorreria, o que não quer dizer que novas perdas não possam acontecer nas próximas semanas.
A explicação “racional” para a queda foi uma sequência que começou na reunião de política monetária do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA). Depois que o Fed sinalizou três altas de juro para 2018, em vez das duas previstas, pesquisas mostraram alta no emprego e nos salários nos EUA, o que é prenúncio de mais inflação. Isso levou à conclusão de que a taxa básica teria de subir ainda mais. Estava claro na sexta, mas só na segunda-feira a bolsa desabou.
Aí vem a segunda parte da explicação. A Nyse vive o terceiro mais longo ciclo de alta de sua história (gráfico acima). Parte da queda teria sido determinada por computadores programados para emitir ordens de venda caso um papel ou indicador atinja determinado nível. Essa característica acentuou a tendência de queda.
A expressiva alta de 2,48% no Brasil, que repôs com sobra a queda anterior, cria uma “situação bastante maluca”, na avaliação de André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimento:
– Existem boas razões para realização em 2018, lá e aqui. O rali recente não parece sustentável. Mas a correção era esperada no meio do ano, quando o Fed decidirá a alta de juro. Por hora, alguém decidiu não brincar, e os computadores agravaram.
