O acordo que contempla poupadores "garfeados" pelos diversos planos econômicos das décadas de 1980 e 1990 só será conhecido em detalhes no início da noite desta terça-feira (12). Do que se sabe até agora, o acerto tem duas virtudes evidentes: encerrar uma novela tipicamente brasileira de mais de 30 anos e reforçar o orçamento de algumas famílias. Poucas, mas é um dinheiro que vem mais do que em boa hora. Não só para as pessoas, mas para o país.
O desembolso total é calculado em cerca de R$ 10 bilhões. Do ponto de vista dos bancos, é uma quantia pequena perto das cifras que já foram estimadas, de forma conservadora, em R$ 150 bilhões. Desse ponto de vista, o desembolso equivalerá a menos de 10% de uma das mais conservadoras aproximações já feitas.
Para a economia brasileira, também é um reforço importante para o "Natal da virada", que até agora estava se comportando aquém do esperado para depois do anúncio do fim da recessão. Embora R$ 10 bilhões sejam uma soma significativa em qualquer latitude, equivalem a cerca de um quinto do valor total liberado nas contas inativas do FGTS, que foram um instrumento importante para construir o início da trajetória de reação da economia.
Até para os bancos públicos e, portanto, para o ajuste fiscal, o acordo é relevante. Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal – a segunda mais do que o primeiro – enfrentam dificuldades no equilíbrio das contas, depois da festa da oferta de crédito barato entre 2012 e 2014. Com perdas calculadas e claramente minimizadas, as duas instituições eliminam um grande foco de incerteza nestes tempos de rearrumação interna.
Até os poupadores – provavelmente, os menos aquinhoados no acordo –, que tinham a perspectiva de uma espera ainda mais longa do que a que enfrentaram até aqui podem finalmente fazer planos e ter um horizonte para receber valores que haviam se esfumado na interminável batalha contra um dos setores mais poderosos do país.