É no Brasil que a chilena CMPC quer crescer e pensa em uma nova unidade para entrar em operação depois de 2021. Uma das possibilidades seria construir essa nova planta no sul do Estado, mas novas decisões de investimento estão condicionadas à mudança na legislação que impede a posse de terra por estrangeiros no país, avisou ontem o diretor-presidente Hernán Rodriguez Wilson. Na empresa, a melhor expectativa é tentar encaminhar o assunto em 2019, depois das eleições. Sem pesar no vocabulário, o chileno deixou clara a exasperação com a demora na decisão sobre o tema:
– Sempre escutamos as boas intenções, entendemos que há prazos legislativos a cumprir, mas essa boa intenção estamos ouvindo há muito tempo.
Rodriguez lembrou do recente aniversário da compra da planta de Guaíba, rebatizada de Celulose Riograndense, e afirmou que, neste período, a empresa se tornou mais brasileira e gaúcha. Na concepção dos chilenos, não faz sentido ter unidade de produção de celulose sem áreas próprias de florestas de eucaliptos. Esse é um dos motivos pelos quais não se interessa pelo Uruguai, nem por seu próprio país para instalar indústria.
– Não há espaço – justificou o executivo.
Embora tenha contabilizado como perda em balanço os cerca de US$ 200 milhões estimados como prejuízo com a parada da planta de Guaíba, a maior e mais moderna do grupo, a CMPC segue tentando negociar com a espanhola Mapfre o pagamento do valor do seguro. Rodriguez afirmou que, no primeiro contato, a seguradora informou que, de seu ponto de vista, o contrato não cobre nem a reparação da caldeira nem a reposição dos valores das vendas interrompidas por três meses.
Até agora, a empresa reconhecia a perda de 400 mil toneladas de celulose. Nesta segunda-feira (18), em café da manhã com jornalistas, Rodriguez afirmou que o total chega a 600 mil toneladas, o equivalente a 15% da produção do grupo. Foi um impacto grande, admitiu, mas a empresa manteve toda sua programação de final de ano, inclusive com um jantar de encerramento de atividades que levará a Santiago executivos do México e do Rio Grande do Sul.