Havia expectativa de que a liberação dos recursos das contas inativas do FGTS e a queda no juro básico ajudasse a dissolver, ainda que aos poucos, o problema da inadimplência. Os dados mostram outra realidade. Conforme dados da Confederação Nacional do Comércio (CNC), agosto registrou o mais alto percentual de famílias com dívidas em atraso e com dificuldade para quitar.
A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor teve em agosto o mais alto patamar da série histórica, com 24,6% famílias com contas ou dívidas em atraso, acima inclusive do mesmo mês de 2016, quando em tese a crise estava mais forte. Marianne Hanson, economista da CNC, atribiu o resultado ao desemprego ainda elevado.
Além do descompasso entre a relativa melhora na economia e a inadimplência, chama atenção o tipo de dívida que anda atormenta mais brasileiros: o cartão de crédito. Como as respostas para a origem das pendências são múltiplas, o total ultrapassa os 100%, mas chama atenção o fato de que mais de dois terços das famílias ainda relatem problemas com esse tipo de ferramenta.
Apesar de todos os esforços para limitar o custo do crédito rotativo, que tem a maior taxa de juro do mercado nacional – quiçá mundial , a taxa não só permanece estratosférica como sobe em pleno desbaste geral do juro básico. Conforme o Banco Central, a média subiu de 380,8% em junho, para ainda inacreditáveis 399,1% ao ano em julho.