Depois dos constrangimentos da semana, com os esforços para garantir a sobrevida do presidente Michel Temer, a equipe econômica tenta recuperar protagonismo. O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, agora diz que pode não só "entregar" a reforma da Previdência, mas também a tributária. Mais ainda, sinalizou que a ambição da mexida nas regras de cobrança de impostos é reduzir de 2,6 mil para 600 o número anual de horas que empresas de médias a grandes gastam só para administrar os pagamentos de tributos.
A promessa fez olhos empresariais brilharem, não sem motivo. A estrutura tributária brasileira é um monstrengo, sem considerar peso nem justiça.Um imposto incide sobre outro, que se sobrepõe a um terceiro, sem contar incontáveis mudanças diárias nas regras. O Brasil fala e espera reforma nessa área há quase 30 anos. É por isso que o risco de acenar com uma mudança do tamanho com a que Meirelles acena é elevado.
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Apesar dos discursos pela "estabilidade econômica", barrar a investigação contra Temer embutiu um desgaste severo. Novas frustrações podem ser a famosa gota d’água em um país à beira da exaustão com frustrações. Uma reforma tributária que permita reduzir a cerca de um quinto o esforço fiscal das empresas a essa altura, é altamente improvável, mesmo que seja altamente desejável.
As tentativas sempre esbarraram em uma questão crucial: quem ganha e quem perde com a mudança. Isso, em clima mais ameno de arrecadação e de constrangimentos de orçamento. Mas há certa crença – ou esperança – entre empresários de que seu maior sócio, que se oculta em siglas e boletos, seja racional ao menos no formato de cobrança. Se a difícil entrega se concretizar, cria novo cenário.