Sinais de que havia motivo para se preocupar com o futuro do Rio Grande do Sul existem ao menos desde 2013, antes do início da recessão nacional e da percepção da profunda crise nas finanças públicas do Estado. Na época, começavam perturbações na segurança e resultados da avaliação de escolas deixavam pais e professores inquietos. Foi quando surgiu a ideia de criar um indicador de desenvolvimento humano, que desembocou no Índice de Desenvolvimento Estadual (iRS).
Desde o início, o principal objetivo do indicador foi medir avanços e recuos para diagnosticar problemas e apontar soluções. Gaúchos usam muita energia e paixão para discutir escalação de times ou aplicação de um técnico de futebol. Com os debates em torno do iRS, a intenção é capturar ao menos uma fração desse ímpeto para construir consensos sobre a natureza dos problemas e as opções de solução.
Por décadas, o papel de conduzir o debate foi do Estado, o mesmo que tem dificuldade, atualmente, em uma tarefa tão básica quanto pagar salários de seus servidores em dia. A postura de atribuir ao poder público a solução de todos os problemas contribuiu para que os primeiros se acomodassem e o segundo se inviabilizasse.
Leia mais
Polêmica de bolsa-empresário ou papel do Estado em hora decisiva
Isenção a importações anima petroleiras para licitação de áreas
Brasil pode ter parado de cair, mas precisa mudar para voltar a crescer
Definir o futuro do Estado onde vivemos não pode ser tarefa restrita a poucos minutos em frente a uma urna eletrônica de quatro em quatro anos. Não depois que a percepção do tamanho dos problemas que o Rio Grande do Sul enfrenta ficou clara para todos. Se nem essa leitura é consensual, ainda hoje, obter acordo nas propostas para sair do atoleiro é um desafio ainda maior. Mas se não for proposto, não será enfrentado. E se não for enfrentado, não será vencido. Debater, contribuir e cobrar, em bases civilizadas, são peças da alavanca que ajuda a mover uma pesada estrutura estagnada. Vamos fazer isso hoje, amanhã e cada dia?