Ok, a economia brasileira recuou 0,9% na passagem de abril para maio, de acordo com o Monitor do PIB, da Fundação Getulio Vargas (FGV), mas vasculhando os detalhes é possível ver sinais que atestam a recuperação gradual da atividade, embora a passos de cágado. Responsável pela elaboração do indicador, o pesquisador Claudio Considera lembra que, olhando em prazo um pouco maior, em trimestres, é possível notar movimento levemente ascendente. No recorte de três meses encerrado em maio, houve crescimento de 0,49% sobre o intervalo findo em fevereiro, que já cresceu 0,09% sobre o trimestre encerrado em novembro do ano passado.
Considera pinça dois dados que avalia serem indícios de recuperação. Primeiro, o consumo das famílias. O recuo de 0,6% no trimestre até maio foi o menor desde o período de três meses até fevereiro de 2015. Até agora, a contribuição para a melhora do indicador vinha da compra de semiduráveis (como calçados e roupas). Desta vez, foram os duráveis – como automóveis –, produtos de maior valor e que também dependem de crédito, que tiveram o primeiro efeito positivo desde o longínquo abril de 2014.
– Mostra que as pessoas estão com capacidade de adquirir bens de maior valor – observa Considera.
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Por acaso, a B3 (resultado da fusão da BM&FBovespa e Cetip) informou nesta terça-feira que, no país, o número de veículos novos e usados financiados no primeiro semestre subiu 7,4%. No Estado, 8,7%.
Outro quesito monitorado, o investimento, mostra algo semelhante. Ainda há retração. Foi de 3,6%, mas a taxa segue apresentando recuos cada vez menores. Máquinas e equipamentos têm resultado positivo há seis trimestres consecutivos, mas o setor de construção decepciona.
– Ainda é preciso resolver o problema das construtoras – diz Considera, referindo-se a acordos de leniência com empresas envolvidas em corrupção e à necessidade de deslancharem programas de privatização e concessão em infraestrutura, em virtude da falta de caixa do poder público para investir.
*A colunista Marta Sfredo está em férias