– Crise econômica no Brasil não existe.
A frase do presidente Michel Temer pronunciada em Hamburgo dá a medida de quanto, de fato, o Palácio do Planalto pode ficar distante da realidade do país. Para quem é servido em bandejas de prata com garçons engravatados, até no terceiro escalão, parece difícil se conectar com o dia a dia de 13,8 milhões de brasileiros que buscam emprego, de vendedores que assistem com preocupação a rotina de lojas esvaziadas, com comerciantes e industriais que não veem reação convincente na demanda. Em vez de economia se descolar do presidente, foi a vez de o presidente se descolar da economia.
Sim, há sinais de que esse quadro começa a mostrar reação, mas ainda são tímidos e frágeis. A qualquer solavanco, estremecem e podem se apagar. E nestes dias de indicadores mistos – alguns positivos, outros ainda francamente recessivos –, a maior fonte de más notícias tem sido Brasília e, de forma ainda mais concentrada, o Planalto.
Leia mais
Custo da sobrevida de Temer tem limite
Vem aí a conta da sobrevida de Temer
Mercado vê risco de Temer se tornar irrelevante
Sobrevida de Temer terá preço alto
Desde a prisão de Geddel Vieira Lima, ex-ministro e velho amigo de Temer, o humor do Brasil, de políticos e do mercado financeiro azedou em relação ao presidente. Poderosos aliados do comando da República falam em "ingovernabilidade" e anunciam que a sobrevida do atual ocupante do cargo mais alto do Executivo está com os dias contados. Agentes econômicos com conexões avisam que há risco de que a sobrevivência custe muito caro. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), avisa a interlocutores da cena financeira que a equipe econômica seria mantida em caso de substituição.
A crise é dura, presidente. Inclusive para Vossa Excelência.