A tese de que a economia está se descolando da crise política teve dia de teste nesta terça-feira (20). No mercado financeiro, a turbulência voltou, com queda de 2% na bolsa e alta de 1,37% no dólar. O tombo das ações é o maior desde 18 de maio, quando os investidores reagiram à delação da JBS e foi preciso acionar o mecanismo que interrompe a operação em horas de pânico, o circuit breaker. No câmbio, o efeito foi semelhante: teve o maior salto desde então.
No mesmo dia, na economia "real", saiu um novo resultado positivo do Caged, que registra o balanço entre contratações e demissões com carteira assinada. Houve 34,2 mil vagas criadas a mais do que as eliminadas. É muito pouco ante o contingente de 14 milhões de desempregados, mas confirma a tendência esboçada em abril e reforça a expectativa de início da escalada do buraco da recessão, com saldo acumulado no ano, até agora, de 48,5 mil.
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Para o mercado financeiro, que acredita que as reformas sairiam com qualquer cenário, a decisão da Comissão de Assuntos Sociais do Senado, que rejeitou o texto da reforma trabalhista, foi um baque.
– Não acredito que esse resultado tenha relação com a entrevista do fim de semana (de Joesley Batista à revista Época), mas Temer não passou no primeiro teste – observa Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating.
Segundo Agostini, se esse foi o resultado na trabalhista, que era considerada tranquila, projeta um cenário ainda pior na previdenciária:
– Vai ser um fiasco.
Embora o mau humor no mercado inclua ingredientes importados, o analista avalia que o doméstico foi o principal. Diante do fracasso no primeiro teste, a escolha foi se acautelar ante o risco de mudança de cenário, diz:
– Não dá para pagar para ver, porque se perde muito dinheiro.