Em crises profundas como a que o Brasil enfrenta, quem tem menos renda costuma enfrentar mais dificuldade. Em Porto Alegre, uma comparação desafia essa tese. Enquanto placas de "aluga-se" e "vende-se" pipocam ao longo da Avenida Nilo Peçanha, na Azenha e na Assis Brasil, corredores de comércio popular, tudo está ocupado, aberto e funcionando. Intrigada, a coluna foi em busca de explicações.
Presidente do Sindilojas, Paulo Kruse avalia que, nos lugares onde há comércio de produtos mais baratos, houve readequação dos preços de locação dos imóveis. Como o poder aquisitivo caiu, o aluguel precisou ser renegociado. Onde o comércio é focado em produtos mais caros, há mais resistência em conceder descontos ou mesmo manter o preço.
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Vilson Noer, presidente da Associação Gaúcha para Desenvolvimento do Varejo (AGV), aponta outro fator:
– A Nilo Peçanha é um cluster (polo) de móveis e similares, com custo mais alto do que os produtos de lojas da Azenha e Assis Brasil. Ambas têm tráfego intenso, o que dá produtividade às vendas. Na Nilo, há fluxo mais dirigido.
Presidente da CDL Porto Alegre, Alcides Debus, confirma que proprietários de imóveis de rua baixaram bem o aluguel. E cogita que até consumidores de renda mais alta passaram a comprar produtos de menor valor.