Na semana que começou com a informação de que o juro do rotativo do cartão de crédito – aquele que entra em cena quando não se paga o total da fatura na data – caiu à metade, a questão do endividamento e da inadimplência dos brasileiros voltou à cena. Primeiro, é bom lembrar que a "queda" nessa taxa está relacionada com a mudança nas regras, que determina limite de 30 dias para o devedor permanecer nessa linha. Desde 3 de abril, depois desse prazo, o débito vai direto para outra modalidade com custo menos estratosférico.
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Nesta terça-feira (9), pesquisa do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) apontou dado preocupante: quatro em cada 10 (42%) usuários de cartão em março não sabem ao certo o quanto gastaram no mês. Entre os que se lembram, a média da fatura foi de R$ 1.140 – valor alto para a média salarial do país, de R$ 2.110.
E chama atenção, ainda, o fato de o cartão ser usado para pagar alimentos e remédios (veja gráfico). Esse papel oculto, de complementar renda, está na origem de outros indicadores, como o inesperado salto no endividamento das famílias gaúchas apontado pela Fecomércio-RS, de 70,4% em abril de 2016 para 75,2% no mês passado. É um dos nós que a economia terá de desfazer para encontrar o caminho da reação. A cada passo à frente, com a redução de 9,1% da inadimplência em abril indicada pela Boa Vista SCPC, corresponde um atrás.