Desde que a Operação Lava-Jato expôs a forma de fazer alguns negócios no Brasil, havia suspense sobre quando a investigação chegaria ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Em vez de respingos, o que atingiu a instituição foi um símbolo do mercado em alta, a Operação Bullish da Polícia Federal (PF).
No foco, a compra de participações na JBS feita pela subsidiária BNDESPar. Como parte da "política de campeões nacionais" – oficialmente, reforço de companhias brasileiras para disputar com multinacionais –, o BNDESPar se tornou o segundo maior acionista da JBS, dona da Friboi e da Seara. A família Batista tem 44,35% do capital, o banco público detém 21,32%.
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Ao comprar ações, o BNDESPar põe dinheiro dentro da empresa. O detalhe é que, no caso da JBS, raramente foi tão concentrado e intenso. Essa concentração ajudou a criar a lenda de que o verdadeiro dono da empresa seria Fábio Luis da Silva, filho do ex-presidente Lula, chamado de Lulinha. Como a estratégia de beneficiar a que se tornaria a maior processadora de proteína animal do mundo era vista como um negócio "de pai para filho", o rumor se disseminou.
Essa fama incomodava os irmãos Batista, Wesley e Joesley. Há cerca de dois anos, a empresa chegou a ensaiar um contra-ataque de relações públicas para combater os boatos. Nesse momento, Wesley, que presidia a empresa na época, chegou a dar uma entrevista dizendo que só conhecia Lulinha por foto.
Recentemente, na condição de sócio, o BNDES barrou a "exportação" da sede da JBS para o Exterior. Era só o que faltava: a campeã nacional com sede lá fora. A operação não foi exatamente bem-sucedida – não encontrou Joesley nem o ex-presidente do BNDES Luciano Coutinho.
Os papéis da empresa privada caíram até 3,25% na bolsa na sexta-feira, menos do que no dia da Operação Carne Fraca. Mas abre o caminho para esclarecer se os negócios entre a JBS e o banco foram ou não republicanos. Com isso, o BNDES deixa de ser o elo perdido da Lava-Jato.