Um dos efeitos na economia causados pela crise no governo Temer foi a oscilação no dólar. No último dia 18, na primeira sessão depois da revelação de parte da delação da JBS, a moeda americana subiu 8,15% – a maior alta desde 1999 –, para R$ 3,39 (veja gráfico).
Em meio aos primeiros impactos do terremoto político, analistas projetaram que, se a cotação se mantivesse por longo período na faixa de R$ 3,40 a R$ 3,50, respingaria na inflação. Em consequência, o Banco Central (BC) teria de rever a política de cortes no juro básico, que começou a cair em outubro de 2016. Como o dólar atenuou a curva, com cotação em torno de R$ 3,30, surgem avaliações com tom mais esverdeado, no sentido favorável.
– Se a alta perdurasse, haveria repasse no médio prazo para a inflação. O Banco Central seria mais conservador na magnitude e na velocidade dos cortes na taxa de juro. Com o dólar mais próximo dos R$ 3,25, o BC não foca tanto na crise política, e avalia mais se haverá reforma da Previdência em 2017 – observa o economista Rogerio Storelli, sócio da GGR Investimentos.
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Na análise do Banco Votorantim, o "choque político recente pouco muda a dinâmica da inflação". Para sustentar a análise antes da reunião do Copom, a instituição aponta cenário externo favorável, expectativa de "solução rápida da crise" e manutenção da agenda de reformas podem diminuir o impacto das incertezas.