"Ressalta-se que, neste momento, as projeções condicionais do Copom envolvem maior grau de incerteza." Com essa frase, o Comitê de Política Monetária do Banco Central resume a ópera desta decisão aguardada com muito suspense. Nos dias anteriores, economistas diziam que, mais do que a decisão de corte de um ponto percentual, que havia se tornado quase consensual, importaria o tom do comunicado.
Quando todas as especulações convergiam para um corte acima de um ponto percentual, veio a delação da JBS, que sacudiu todas as certezas políticas e, consequentemente, econômicas. O corte veio dentro das expectativas e do que permitia o declínio da inflação.
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Mas a direção do BC já se vacinou: no tão aguardado comunicado, foi avisando: "Em função do cenário básico e do atual balanço de riscos, o Copom entende que uma redução moderada do ritmo de flexibilização monetária em relação ao ritmo adotado hoje deve se mostrar adequada em sua próxima reunião".
Poucas vezes o BC foi tão claro e tão explícito na sinalização para a próxima reunião. Alguém deve ter pensado: no meio dessa fumaceira, alguém precisa mostrar o que vem pela frente.
E segue o comunicado: "Naturalmente, o ritmo de flexibilização continuará dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos, de possíveis reavaliações da estimativa da extensão do ciclo e das projeções e expectativas de inflação".
Ou seja, acabou a festa das tesouradas de um ponto. Daqui para a frente, voltamos à normalidade da insegurança.