O vendaval político causado pela Lista de Fachin levantou outra vez incerteza sobre a tão esperada retomada da economia, ainda que lenta. Mesmo que o tempo da reação ainda esteja nublado, uma brisa de alívio pode ter soprado nos últimos meses. Nesta segunda-feira, o Banco Central (BC) confirmou o segundo avanço consecutivo do Índice de Atividade Econômica (IBC-Br).
A alta de 1,31% em fevereiro ante o mês anterior, na comparação com ajuste sazonal, foi duas vezes maior do que a média das expectativas de mercado. Embora se saiba que o indicador não é uma prévia precisa do Produto Interno Bruto (PIB), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ajuda a dar o tom do início de ano e aumenta a probabilidade de que o PIB tenha mudado de sinal no primeiro trimestre. Não dá para antecipar a comemoração do fim da crise – apesar dos dois meses de avanço, o acumulado de 2017 ainda está negativo em 0,12%.
Leia mais
Pedro Malan: "Brasil não lidou bem com a ideia de que há limites ao Estado"
A política volta a nublar a economia
Castelo de um só naipe de cartas
O resultado oficial da atividade econômica entre janeiro e março será divulgado pelo IBGE só em 1º de junho. De imediato, é possível apontar outros sinais que servem de alento. Queda no juro básico, que teve na semana passada o maior corte em oito anos, e altas de 0,7% nos serviços e de 0,1% na indústria, ambas na passagem de janeiro para fevereiro, conforme o IBGE, são indícios adicionais.
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, vem afirmando que o governo projeta alta no PIB no primeiro trimestre. Apesar da previsão de que a economia pode enfim inverter o sinal, as nuvens no horizonte ainda estão escuras.
Em março, o próprio governo revisou a previsão de crescimento da economia em 2017: de 1% para 0,5%. Conforme a mais recente edição do Boletim Focus, divulgada ontem, o mercado voltou a baixar a projeção de alta do PIB neste ano: de 0,41% para 0,4%. O recuo é leve, mas ajuda a manter os pés no chão diante da turbulência.