O risco de que o impasse entre a Companhia Riograndense de Mineração (CRM) e a Companhia de Geração Térmica de Energia Elétrica (CGTEE) paralise a maior térmica em atividade no Estado foi avaliado ontem pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Diretor-geral do órgão, Luiz Eduardo Barata Ferreira avaliou que, caso se confirme a hipótese, cresce a ameaça de cortes no fornecimento de energia no verão 2017/18. Conforme Barata, se o complexo de Candiota ficar indisponível pode haver problemas em caso de outra contingência, como excesso de demanda – pouco provável, mas não impossível – ou perda de algum circuito de transmissão de energia.
Gerente executivo do Núcleo Sul do ONS, Manoel de Jesus Botelho, frisou que que a usina é fundamental para o sul do Estado. Lembrou que, no período entre novembro a abril, a carga de energia na região triplica, em boa parte por conta do bombeamento de água para a irrigação do arroz.
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O Complexo Termelétrico de Candiota, da CGTEE, tem capacidade instalada de 796 megawatts (MW). São 126 MW na Fase A, 320 MW na B e 350 MW na C. A estatal federal, subsidiária da Eletrobras, tem a concessão de operação. As térmicas consomem carvão mineral, fornecido pela Companhia Riograndense de Mineração (CRM, na foto). No ano passado, foram utilizados 2,5 milhões de toneladas de carvão em Candiota.
O impasse entre as duas estatais envolve cerca de R$ 12 milhões. Até 2015, a CGTEE comprava 3,5 milhões de toneladas anuais de carvão da CRM. A partir de janeiro de 2016, reduziu a encomenda para 2,5 milhões. Agora, comunicou à mineradora que só precisará de 1,2 milhão de toneladas anuais. E o mais complicado: avisou que só pode pagar R$ 56 por tonelada, enquanto a CRM precisa, para sustentar seus custos, ao menos R$ 71 por tonelada.
O secretário estadual de Minas e Energia, Artur Lemos Júnior, já afirmou que, se um acordo não for obtido ainda neste mês, o Estado será obrigado a fechar a CRM em maio, porque não haverá recursos suficientes para pagar a folha. Conforme o secretário, a secretaria tenta resolver não apenas a questão de negócios, mas também o problema sistêmico que pode haver caso as duas sejam obrigadas a fechar.