A greve geral convocada pelas centrais sindicais para esta sexta-feira conseguiu parar boa parte das principais cidades do país, mas ficam dúvidas sobre se o principal objetivo, o de tornar ainda mais difícil a aprovação das reformas encaminhadas pelo governo Michel Temer ao Congresso, foi alcançado.
As manifestações e suas repercussões foram monitoradas de perto pelo Palácio do Planalto. O dia era encarado como uma espécie de teste para sentir de que forma os protestos poderiam reverberar e afetar principalmente a votação reforma da Previdência, depois de as alterações propostas na legislação trabalhista terem passado na Câmara com um apoio abaixo do esperado.
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Mas, se o grande termômetro é o mercado financeiro, Temer pode ficar um pouquinho mais aliviado. Em um dia de tensão, a bolsa de São Paulo subiu 1,12%. O dólar, outra medida de estresse, chegou a superar R$ 3,21 no final da manhã, mas a alta perdeu fôlego no decorrer da tarde, e a moeda americana acabou fechando em queda, a R$ 3,17.
– Se fosse detectado perigo maior (à reforma da Previdência), o mercado teria derretido – analisa o economista Alexandre Espirito Santo, da Órama Investimentos.
Ou seja, a interpretação é de que, a despeito de a mobilização ter sido forte, com a paralisação dos transportes fazendo a sexta-feira perder o ar de dia útil, não foi suficiente para causar defecções significativas na base de apoio do governo no Congresso.
Diante das dificuldades anteriores à greve geral, o Planalto deve adiar a votação para a segunda quinzena de maio, à espera de margem de segurança maior na votação. Sem entrar no mérito da proposta, o que os investidores não querem nesse meio tempo é ver o texto ainda mais desidratado por concessões.
*Interino