Não é por se tratar de um filme feito pelos colegas jornalistas Tatiana Sager (direção) e Renato Dornelles (roteiro) que Central entra nesta lista. É porque a obra que estreou em circuito comercial há poucos dias se conecta com os temas analisados pela disciplina Economia do Crime, que trata dos estímulos econômicos que contribuem para a disseminação da violência.
A coluna já apresentou outros títulos dessa natureza, mas a situação de insegurança que vivemos, gaúchos e brasileiros, impõe entender as condições em que se dissemina para que possa ser combatida por todos.
Central (2016)
A investigação aprofundada do Presídio Central, de Porto Alegre, já considerado o pior do país, permite ver, a partir do olhar dos próprios presos, como as instalações se tornaram uma espécie de especialização em tráfico de drogas, instrumentalização de criminosos e em negócio lucrativo para as facções. O forte são as imagens feitas pelos próprios internos, com a câmera da equipe de produção.
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Tango Livre (2012)
Um filme de presídio mais leve, mas nem por isso menos tenso, oferece oportunidade para estabelecer relações entre "os de dentro" e "os de fora" de uma maneira menos preconceituosa. Claro, parte de uma realidade bastante diferente da que existe no Brasil, onde as prisões andam recebendo hóspedes cada vez mais ilustres. Os passos para a frente, para o lado e para trás do tango conduzem a história.
O Conde de Monte Cristo (2002)
Esta versão do clássico de Alexandre Dumas – há várias outras em filme, menos interessantes – é a que mais põe foco no aprendizado – acidental, não planejado – durante um encarceramento injusto e cruel. A história de amor, vingança e aventura cede espaço para a conexão com o conhecimento, o que mais faz falta nos presídios brasileiros, e permite não apenas cumprir os objetivos do protagonista, mas mudá-los quando perdem o sentido.