Nas vésperas da decisão que tira o sono da economia brasileira – o risco de alguma elevação de tributos para fechar o buraco do orçamento –, o governo anunciou a decisão de cortar despesas entre R$ 60 bilhões e R$ 65 bilhões.
Neste momento de aperto geral, o supercorte é um banho de água fria, mas menos danoso, pelos mesmos motivos, do que aumento de alíquota de algum tributo – impostos, contribuições ou taxas. Executar uma poda deste tamanho não ajudará a elevar as perspectivas que começavam a se desanuviar. Mesmo que o corte seja anunciado e comece a ser implementado, pode ser reduzido caso o governo decida de fato elevar cobranças ainda neste ano – seja de receitas esperadas e não garantidas, seja de impostos. O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles tem passado os últimos dias "naturalizando" a ideia.
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Desde a semana passada, o ministro vem avisando que a iniciativa não está descartada. Depende apenas de "fechar cálculos", como afirmou Meirelles na quarta-feira passada:
– Qualquer anúncio nesse sentido (de aumento de tributos) vai ser feito apenas no dia 22 porque, aí sim, os cálculos estarão finalizados.
Amanhã, portanto, será dia de enfrentar uma conta dolorosa, seja no formato de um megacontingenciamento, com efeito forte, mas indireto, seja de impacto direto, com drenagem ainda maior do que os empresários brasileiros costumam chamar de "maior sócio", a carga tributária.É nesse clima que a proposta de simplificação da aplicação de PIS e Cofins que o governo deve apresentar, também nos próximos dias, vem cercada de desconfianças sobre elevações na cobrança líquida.