Encolheu a lista das empresas interessadas no leilão de quatro grandes aeroportos, inclusive o do Salgado Filho, de Porto Alegre, marcada para a próxima quinta-feira. Fernando Marcondes, sócio da área de infraestrutura do L.O. Baptista Advogados, que assessora dois candidatos remanescentes, diz que o cenário do país e as regras do leilão se combinam para formar um "conjunto pesado". Os dois grupos que representa, adianta, não farão ofertas para o Salgado Filho. Isso é sinal de que pode não haver lances pelo Salgado Filho?
– É um receio fundado – avalia o especialista.
Marcondes considera o aeroporto de Porto Alegre o "menos interessante dos quatro, na equação geral". Pondera que todos estão muito onerosos, resultado do que chama de "repasse do risco" – o governo passa para o concessionário, que o repassa para o responsável pelas obras – epecista, no jargão do setor.
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Paulo Menzel, coordenador do Fórum de Infraestrutura da Agenda 2020, detalha alguns dos cenários que espantaram os investidores. Um é o número de passageiros em queda: os 8,74 milhões de 2015 devem ter se reduzido a 6,7 milhões no ano passado, projeta, embora ainda não haja dados oficiais.
Outro são as condições da volta da exigência da ampliação da pista do Salgado Filho: embora haja área liberada para a obra, com a retirada da Vila Dique, a homologação internacional do aeroporto exigirá a retirada da Vila Nazaré. E o que o edital prevê que é a remoção seja responsabilidade do concessionário. Basta lembrar a dificuldade que foi, para a prefeitura, a desocupação da Dique para dar ideia do impacto.