Teve posse festiva de ministros provenientes do Legislativo, mas a proposta de reforma da Previdência do Planalto parece estar rendendo mais resistência do que se esperava, dadas as manifestações, primeiro, do PMDB, ameaçando borrar do mapa o Bolsa Família caso o projeto não fosse aprovado. Sem contar o aspecto, digamos, diplomático, resta o prático: o Bolsa Família não faz nem cócegas no déficit da Previdência.
Nesta quarta-feira, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, negou que o governo estude elevação imediata do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) em operações de câmbio, mas voltou a afirmar que será necessário um elevação de carga tributária de 10 pontos percentuais – algo como de 37% para 47% – para sustentar o déficit da Previdência caso a reforma não seja aprovada. Não é preciso entender de economia para saber que o país nessa situação não suporta aumento desse tamanho.
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É, portanto, outra ameaça, recurso que só costuma ser usado quando outras formas de persuasão parecem não funcionar. O ministro também deu sinais de exasperação em conversa com parlamentares que insistem na redução da idade mínima para mulheres. Meirelles admitiu que os deixou “perplexos” ao dizer que, para admitir aposentadoria a partir dos 60 anos para as mulheres, a dos homens teria de começar aos 71.
Até os especialistas mais comprometidos com a proposta de reforma da Previdência reconhecem "bodes na sala" no projeto enviado ao Congresso. Meirelles assegura que, se o texto for muito desfigurado, melhor que não se faça alteração. O ministro usou a mesma argumentação para o teto dos gastos e levou. Mas tem um detalhe importante: ninguém entendia a PEC do Teto. No caso da reforma da Previdência, todo brasileiro sabe o aperto que as mudanças vão causar. Complicou.