Em novembro, em meio à nuvem de pessimismo que se formou depois da divulgação da produção industrial, que havia subido ínfimos 0,2%, a coluna identificou sinais promissores para o futuro. Os mais relevantes eram o avanço na produção de bens de capital (máquinas e equipamentos para a produção), o início de uma disseminação de resultados positivos e a reação de segmentos muito impactados pela crise, caso de veículos automotores, reboques e carrocerias, que avançaram 6,1% no penúltimo mês do ano.
A alta em dezembro comprovou que havia, sim, razões para ter boas perspectivas, mesmo com um resultado geral decepcionante.
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Outra vez, o retrato do conjunto é desolador: a indústria acumula um afundamento de 17% em três anos e o nível de produção de dezembro de 2016 recua para o que havia em maio de 2004. Quer dizer, para a indústria, o triênio 2014-2016 representa um retrocesso de mais de 12 anos.
Assim como em novembro, há alguns sinais que oferecem leitura positiva. No último trimestre do ano passado, o segmento que mais embute perspectiva de futuro, o de bens de capital, teve alta de 1,8% ante o quarto trimestre de 2015. Foi influenciado positivamente pelos subsegmentos de bens de capital para a construção (35,6%) e de agricultura (32%). O problema é que máquinas e equipamentos para a indústria mantiveram queda forte, de 14,5%, indicando que a retomada dos investimentos nas fábricas ainda não começou.
Até o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), que costuma ser cético, avalia que as trajetórias dos segmentos de bens de capital e de bens de consumo duráveis no ano passado "extrapolaram a etapa de moderação das quedas em direção a um crescimento modesto, porém positivo, no último trimestre". O superintendente de Estatísticas Públicas do FGV/Ibre, Aloisio Campelo, que não é pessimista, adverte que o resultado de dezembro foi tão fora da curva que, talvez, janeiro venha com uma correção.
Os sinais voltaram a piscar. Será que agora acendem?