Olhe com atenção a imagem acima e tente adivinhar qual o nome da empresa que tem esse local de trabalho: ambientes coloridos, salas sem divisória, sofás espalhados e colaboradores trabalhando de bermuda. Se o palpite foi alguma gigante do Vale do Silício, como Google ou Facebook, a resposta está errada.
Nesse ambiente estão localizadas as áreas financeira, jurídica, institucional e de relações com os investidores da Gerdau. Isso mesmo. Faz parte do movimento de mudança cultural que a companhia gaúcha vem passando nos últimos dois anos. A siderúrgica se despiu de vez da couraça sisuda, tão comum no segmento, e quer apostar em inovação.A proposta de mudança surgiu a partir de uma pesquisa realizada com 5 mil líderes da empresa espalhados pelo globo – a Gerdau atua hoje em mais de cem países.
Foi perguntado o que a companhia deveria manter e o que deveria mudar na própria cultura organizacional. O respeito às pessoas e o foco em segurança foram as características positivas. Pequena abertura a novas ideias e pouca autonomia, os pontos a melhorar. A partir daí que deu-se a virada. Primeiro foram estabelecidos os quatro atributos que resumem essa transformação cultural: abertura, simplicidade com austeridade, líderes que desenvolvem líderes e autonomia com responsabilidade.
E logo depois, mãos à massa. Uma consultoria foi contratada para ajudar na mudança. Os líderes passaram por treinamentos – incluindo o presidente do Grupo, André Johannpeter. E como surgiu a ideia de transformar o ambiente de trabalho?
– Para mudar a cultura é preciso mudar o comportamento, claro, mas também são necessários símbolos que mostrem isso – explica Francisco Deppermann Fortes, vice-presidente de Pessoas da Gerdau.
A inspiração foi encontrada em uma viagem à Califórnia, onde Fortes conheceu o ambiente de empresas de tecnologia. Áreas abertas, com cadeiras confortáveis e Wi-Fi liberado possibilitam que os funcionários não fiquem presos às mesas. A conclusão, após um ano de mudança, é positiva: estimulam as pessoas a serem mais abertas e falarem o que pensam.
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Foi dos próprios funcionários que surgiu a ideia de flexibilizar o horário e terminar o expediente de sexta-feira ao meio-dia. A bermuda também ficou permitida.
Facilita para quem sai do trabalho e vai direto para a praia. Nada disso diminuiu a produtividade da equipe.– Trate as pessoas como adultos e elas agirão como adultos – completa Fortes.
*A colunista Marta Sfredo está em férias