A chegada da rede Abbraccio ao Estado deu o que falar. Os restaurantes de cozinha italiana começaram a surgir no Brasil em plena recessão e parecem ignorar a crise. Parte do grupo Blomin' Brands, que transformou a rede Outback em sinônimo de espera para comer, chegou a cogitar uma unidade no Iguatemi Porto Alegre. Depois, o grupo abriria um Outback no Praia de Belas Shopping, que parece ter "virado" Abbraccio.
Agora, tudo está confirmado: o restaurante italiano abre no dia 24 no Praia de Belas, com investimento entre R$ 5,5 milhões e R$ 6 milhões, 258 lugares e gerando cem empregos. Na véspera, vai receber um evento beneficente, com toda a renda revertida para a instituição Renascer da Esperança. Ricardo Carvalheira, presidente do Abbraccio, detalha que o Brasil será o projeto-piloto de uma marca global, que se estenderá para América Latina e Oriente Médio.
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Por que o Abbraccio decidiu abrir em Porto Alegre?
Estamos iniciando expansão, será a oitava unidade no Brasil. Porto Alegre foi escolhida porque tem excelente potencial para nossa entrada no sul do país. Depois de abrirmos, em 2015 e 2016, em Brasília, São Paulo e Ribeirão Preto (SP), a ideia é começar expansão pelas grandes capitais. Iniciaremos em Porto Alegre e, em fevereiro, abriremos em Curitiba.
E quando será a inauguração em Porto Alegre?
Está prevista para 24 de janeiro. São cem funcionários, que chamamos de amici (amigos, em italianos). Doze estão em treinamento em São Paulo. É uma prática de 60 dias para quem trabalha na gerência. Estamos indo para Porto Alegre na próxima semana com grupo de 30 treinadores para acompanhar a abertura do restaurante.
Qual o investimento feito em Porto Alegre?
Ainda não fechamos a conta, mas o orçamento é entre R$ 5,5 milhões e R$ 6 milhões. A proposta é ter justo valor para o cliente. Fazemos investimento desse tamanho para construir a marca nos próximos 20 anos. Trazemos elementos novos, o que tem ajudado a obter bom desempenho mesmo durante a situação financeira difícil no país. Temos cozinha aberta. Não há separação física entre os trabalhadores e os clientes. Temos carta do segmento casual bem interessante com 34 vinhos, inclusive com marcas da região. Há ofertas especiais de vinhos Miolo. Além disso, há a decoração, com tudo caprichado, para oferecer conforto superior para a clientela.
O Abbraccio entrou no Brasil no começo da recessão. Como foi essa experiência?Foi um desafio grande. Faço parte do projeto desde a parte de estratégia. No verdade, a Bloomin' Brands, que já tem a experiência do Outback no Brasil, sempre desejou trazer as novas marcas para cá. Entende-se que, tirando os momentos de bonança, até 2013, e a economia recente, mais desafiadora, o Brasil apresenta grande potencial para o segmento. O país tem população jovem, ativa economicamente. Foi um projeto muito bem estudado, desenvolvido em 2014.
Quando abrimos a primeira unidade, foi instalada no país uma situação não esperada. Contudo, o cuidado, o planejamento estratégico e o conhecimento que temos no Brasil por conta do Outback nos ajudaram a abrir unidades com sucesso. Abrimos duas casas em São Paulo com 30 dias de diferença entre uma e outra. As vendas vieram. Temos plano de abrir 40 restaurantes em cinco anos. O negócio deu resultados, o que nos deixa seguros para continuarmos a expansão. Tanto é que em 2016, no vale da crise, abrimos quatro restaurantes, dois em Brasília, um em Ribeirão Preto (SP) e outro em São Paulo. Em 2017, seguimos firmes para expansão desse porte, talvez um pouco maior.
O fato de o Rio Grande do Sul ter muitos restaurantes italianos é um desafio ou uma oportunidade?
Temos humildade e preocupação de estudar os hábitos da população onde queremos abrir negócios. Nossa proposta é ser um pouco diferente das cantinas tradicionais, influenciadas pelas famílias de imigrantes italianos que construíram seus negócios, e dos restaurantes para clientes triplo A, mais caros. Queremos explorar o vácuo entre esses dois pontos. Tentamos apresentar a melhor equação entre valor e qualidade do produto que colocamos na mesa. Então, todos os pratos têm herança da tradicional cozinha italiana, mas foram modernizados.
Como é do mesmo grupo do Outback, existe preocupação com filas. Há intenção de evitá-las?
A operação do Abbraccio, até pelo público alvo, é mais tranquila. É mais família, mais madura. Filas às vezes acontecem em um final de semana especial ou sexta-feira à noite. Mas é tudo gerenciado com muita cortesia. Isso faz com que a espera, quando há, seja bem acolhida. Estamos abrindo um restaurante bem grande em Porto Alegre, no Praia de Belas, com 258 lugares. São 800 metros quadrados, com salão principal, varanda de 22 lugares, sala privativa. Antes da inauguração, fazermos, no dia 23, um evento beneficente. Toda a renda será revertida para a Renascer da Esperança.
No Brasil, o nome original da rede italiana foi trocado por causa da sonoridade?
O Abbraccio foi criado com inspiração no conceito do Carrabba's Italian Grill, com 250 unidades nos Estados Unidos. Houve projeto de readaptação, inclusive no cardápio, para que o Abbraccio fosse o nome global para expansão. Estamos fazendo o projeto-piloto no país. A empresa está fechando contratos para levar a marca para Oriente Médio e outros lugares da América Latina. Isso é muito bacana devido ao sucesso da implementação no Brasil. Sempre que colocamos conhecimento, seriedade e foco no que é importante para o cliente, saímos mais fortes quando há situação difícil na economia.