A especulação sobre a privatização do Banrisul fez as ações da instituição financeira subirem 14,21% nesta quinta-feira. O presidente do Santander, Sergio Rial, afirmou que, como um "líder entre os bancos" é "obrigado" a olhar oportunidades como essa. Ressalvou, elegante, que o "convencimento sobre a venda cabe ao governo". Houve coincidência entre a manchete do jornal Valor e a comunicação de resultados anuais do banco espanhol, que tem no Rio Grande do Sul uma das redes mais numerosas nos Estados. Rial foi indagado e não desconversou, fato confirmado pela coluna.
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Santander se considera "obrigado" a olhar oportunidades como o Banrisul
O aumento na cotação das ações BRSR6, do Banrisul, movimentou cerca de R$ 65 milhões. A direção do banco não comenta o assunto, e o secretário da Fazenda, Giovani Feltes, nega que o governo federal tenha exigido a venda para socorrer o Estado. Diante da dúvida, analistas e acionistas entraram em contato com o Banrisul em busca de informações. Ouviram desmentidos, mas no final do dia o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, adicionou incerteza ao dizer que a venda "vai fazer parte das discussões com o Estado do Rio Grande do Sul".
Na avaliação de Luiz Miguel Santacreu, analista da Austin, consultoria especializada em bancos, o Santander seria o único com operações no Brasil em condições de fazer uma oferta competitiva. O Bradesco está impedido de concentrar depois da compra do HSBC. No ano passado, o Santander disputou a operação de varejo do Citi no Brasil. O Itaú acabou levando por R$ 710 milhões. Isso significa que o Santander ainda está propenso a disputar mercado da forma tradicional, por meio de aquisições de carteiras e rede de agências. O Safra "não gosta" de ampliar rede de agências e Banco do Brasil e Caixa estão mais focados em desinvestir do que de investir.
Integrantes do governo reconhecem, em particular, que o Estado não ganha dinheiro com o Banrisul. Em 2015, quando Tesouro gaúcho pagava sua dívida de forma regular, o fato de manter o banco público "custou" cerca de R$ 100 milhões. É o pagamento do Proes, financiamento para sanear o banco feito na década de 1990. Em 2016, o Banrisul rendeu a seu controlador, o governo do Estado, R$ 140 milhões. Mais do que uma fonte de receita, o banco é um símbolo. Mas desperta cobiça.