Apesar dos constantes desmentidos do Piratini, é oportuno debater ganhos e perdas para o Estado com uma eventual privatização do Banrisul. Afinal, com a valorização das ações da instituição, o mercado "comprou" a ideia da oferta, e os papéis do banco gaúcho subiram 22,5% em dois dias. Alguns ganharam dinheiro? Sem dúvida, mas o Banrisul foi revalorizado pelos investidores, porque estava com valor de mercado subavaliado.
Definir preço, em caso de privatização, não é simples. Deve considerar fortalezas e fraquezas do Banrisul. Três especialistas aceitaram fazer uma conta preliminar. O mais animado é Thiago Wolf, sócio e analista da Zenith Asset Management, de Porto Alegre, baseado no fato de que, no ano passado, o Bradesco pagou R$ 16 bilhões pelo HSBC no Brasil, o equivalente a três vezes seu patrimônio líquido.
Com patrimônio líquido de R$ 6,7 bilhões, o Banrisul alcançaria R$ 20 bilhões. Por transparência, Thiago adverte que a Zenith tem ações do Banrisul em carteira.
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Outros dois cálculos convergem para valor mais modesto. Wagner Salaverry, sócio da Quantitas, também de Porto Alegre, pondera que Itaú e Bradesco, os mais eficientes no país, têm valor de mercado ao redor de duas vezes o patrimônio líquido, o que seria um teto para o Banrisul. Avalia que um eventual leilão poderia partir de R$ 12,5 bilhões. Luis Miguel Santacreu, analista da Austin especializado em bancos, admite esticar o valor a até R$ 14 bilhões. É importante considerar que o governo tem 57% do capital do banco, então embolsaria R$ 7 bilhões.
Santacreu lista, entre os aspectos que descontariam valor do Banrisul o fato de ser um banco apenas regional, muito focado em pessoa física e embutir eventual custo de desmonte de agências não lucrativas. Entre os que agregariam, estão a última grande oportunidade de compra de banco no Brasil, o fato de atuar em uma economia de peso, com bom nível de renda e, até onde as informações de mercado indicam, com gestão responsável da inadimplência que subiu nos últimos anos.