A duas semanas da posse de Donald Trump na presidência dos Estados Unidos, a ata da mais recente reunião do comitê monetário do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) incluiu nada menos de 13 vezes a palavra "incerteza" (incluindo um plural).
É verdade que a primeira diz respeito às próprias decisões da instituição e às dúvidas do mercado sobre a fixação da taxa de juro básica. Mas em seguida, começa a longa lista de interrogações sobre decisões da nova gestão, que não chega a ser citada nominalmente. A coluna listou apenas as que dependem das decisões do futuro ocupante da Ala Oeste da Casa Branca:
1. Possíveis mudanças na política comercial americana
2. Momento, dimensão e composição de futuras políticas fiscais e econômicas, e como vão afetar demanda e suprimento
3. Perspectivas de crescimento da produtividade e potenciais efeitos de maior demanda no mercado de trabalho e, em consequência, sobre a inflação
4. Como vão evoluir gastos públicos, cobrança de impostos e política regulatória.
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Além de 12 "incertezas", a ata tem 27 citações a "riscos", a maior parte associada a futuras decisões de governo, embora alguns sejam típicos das comunicações de bancos centrais. O aviso ficou claro: nem os integrantes do Fed sabem o que vai ocorrer a partir do próximo dia 20. Mas projetam, como a maioria dos analistas, sinais de maior crescimento e, possivelmente, de mais inflação.
Nos dois casos, a resposta do Fed é uma só: aumento maior no juro. Desde a crise de 2008, que levou a taxa de referência a zero, só houve duas elevações, a mais recente na reunião relatada em detalhes na ata divulgada nesta quarta-feira.