Embora a indústria naval venha fazendo água em todo o país, seu futuro – e, portanto, o do polo gaúcho – passa por uma decisão que terá de ser tomada pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE). A medida deveria ser analisada na terça-feira, mas foi adiada, até para não trombar com o clima de consternação provocado pelas 3,2 mil demissões da Ecovix, em Rio Grande.
Foi essa regra que fez renascer a construção naval no país, com todas suas distorções – cartel, prazo longo e preço alto –, mas também gerou empregos e oportunidades para empresas nacionais. Por mais que tenha sido adiada, a decisão sobre seu futuro terá de ser tomada.
Leia mais
Risco de naufrágio do sonho de desenvolvimento da Metade Sul
Rio Grande discute pedido de recuperação judicial da Ecovix
Para evitar quebradeira, indústrias pedem conteúdo nacional produtivo
"Vou mudar toda a indústria naval brasileira", diz executivo gaúcho
Contratações em Rio Grande são pausa em cenário de corte de vagas
As medidas mais recentes da Petrobras têm inquietado empresários do segmento. A contratação da adaptação da P-50 fora do Brasil fez a Federação das Indústrias do Rio (Firjan) emitir nota oficial cobrando que a estatal atue em defesa dos interesses do país – emprego, renda, produção, balança comercial.
Nem os mais ardorosos defensores da preservação da regra ignoram que precisa ser modernizada e adaptada para tempos de crise e de Lava-Jato. Mas demissão em massa na Ecovix, que embute o risco de naufrágio definitivo do sonho de desenvolvimento da Metade Sul, é um alerta para um país às voltas com uma recessão sem fim.
A empresa ainda não confirma, mas admite que o pedido de recuperação judicial pode ser a próxima etapa do processo. Informações não confirmadas estimam as pendências da Ecovix em R$ 6 bilhões, o que torna difícil projetar alguma forma menos dolorida de solução.
Os sinais de que a indústria naval brasileira corria o risco de afundar vêm de longe, tanto que provocaram mobilização de sete federações empresariais capitaneadas pela Firjan, na semana passada. A decisão sobre o conteúdo local pode representar uma boia aos milhares de empregos lançados ao mar pela combinação das crises. Ou determinar seu naufrágio definitivo.