Os primeiros sinais de alarme surgiram em outubro, mas agora a greve dos auditores fiscais da Receita Federal já acumula impacto relevante para o setor industrial, apontou levantamento da Federação das Indústrias do Estado (Fiergs) liberado na tarde desta sexta-feira. A maioria das indústrias (87,5%) informa que é afetada pela greve. Em nota, o coordenador do Conselho de Relações Internacionais e Comércio Exterior (Concex) da Fiergs, Cezar Muller, detalha que a estimativa da entidade é de que as indústrias gaúchas entrevistadas tenham perdas acumuladas de R$ 60 milhões desde o início das paralisações dos servidores da Receita Federal, há 57 dias, o que equivale a aproximadamente R$ 1 milhão por dia.
Algumas empresas relataram, em um encontro na Fiergs, que estariam suspendendo o envio de mercadorias nas próximas semanas para evitar custos adicionais devido ao atraso no embarque. A sondagem foi realizada entre os dias 12 e 14 de dezembro, e 104 indústrias de vários segmentos responderam à pesquisa via internet para empresas importadoras e exportadoras.
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Para cerca de 90% está havendo "significativo prejuízo", com atraso do envio e recebimento de mercadorias, dano na imagem da empresa perante clientes e fornecedores, maiores custos operacionais nas operações de comércio exterior e, em alguns casos, até paralisação da produção. Embora haja relatos de impacto tanto na exportação quanto importação, problemas para liberar compras do Exterior são mais comuns, apontados por 61% dos consultados.
"Diante da grave situação provocada pela greve dos auditores fiscais da Receita Federal do Brasil, a Fiergs manifesta sua indignação com o enorme prejuízo causado na economia gaúcha pelos atrasos na liberação de mercadorias nas zonas alfandegárias, transformando as empresas em reféns de mais esta paralisação em um serviço público”, afirma Cezar Müller no comunicado.
Segundo a Fiergs, para a economia do Rio Grande do Sul, a greve tem impacto relativamente maior do que em outras regiões do país devido ao perfil exportador da indústria local. Embora vários setores estejam sendo atingidos pela greve, os que mais apontaram impacto negativo foram os fabricantes de máquinas e equipamentos, móveis e couro e calçados. As zonas alfandegárias de maior incidência de atrasos seriam, confirme esse relato, o Terminal de Contêineres do Porto de Rio Grande, o Aeroporto Salgado Filho e os portos secos de Canoas e Uruguaiana.
A Fiergs adianta que está analisando novas ações judiciais para reduzir os prejuízos e reforçou a articulação sobre o tema junto nos ministérios relacionados e à Confederação Nacional da Indústria (CNI), que manifestou preocupação com a situação e vem acompanhando de forma minuciosa os desdobramentos do assunto em Brasília.