Quando um bando de aloprados acha que é ok invadir o Congresso Nacional e pedir intervenção militar, é hora de parar o filme e pensar um pouco nos rumos do país. A coluna faz questão de contribuir com ilustrações, emprestadas da ficção, sobre como são e para onde podem levar quebras da institucionalidade. É o tipo de situação que se sabe como começa e nunca como termina. Dado o clima de "pós-verdade" – não por acaso, a palavra do ano –, talvez não ajude muito, mas não vai ser por falta de tentar.
O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias (2006)
A visão sobre a longa ditadura militar brasileira, neste filme, é a de um garoto que em 1970, ano de Copa do Mundo, tem de 12 anos. Mauro adora futebol e jogo de botão e fica intrigado com as inesperadas "férias" dos pais – na verdade, militantes de esquerda que fogem de uma provável prisão. Mesmo inspirado em clássicos "sob o olhar de uma criança", adiciona o tema da convivência entre diferentes.
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Invasão da Casa Branca (2013)
O fato de nunca ter havido golpe de Estado nos Estados Unidos não quer dizer que eles não fantasiem a situação. E se puxam no delírio. Um ataque violento de terroristas norte-coreanos, com direito às explosões e perseguições de praxe, abre espaço para outro tipo de situação hollywoodiana, a do herói solitário. Não chega a ser bom, mas não deixa de ser um exercício curioso.
Horas de Desespero (2015)
É uma pouco usual, embora um pouco estereotipada, visão americana de um golpe de Estado no Terceiro Mundo. Parte de um trabalhador médio transferido com a família para um país, onde um bando de rebeldes resolve depor o chefe da nação. Um dos focos da "guerrilha" é exatamente eliminar a presença estrangeira. Um pouco "o outro lado" dos clássicos latino-americanos sobre o tema.
Kóblic (2016)
Mais recente filme com o ator Ricardo Darín, em cartaz em Porto Alegre, aborda as consequências profundas do regime militar na Argentina, da barbárie dos "vuelos de la muerte" comandada pela Junta Militar no poder à violência miúda que não poupa povoados isolados do interior e as relações interpessoais. O clima, como classificaram os argentinos, é de "asado western", mas ainda interessante.