É preciso ler o título acima pela lógica dos negócios com ações: quando se vende um título maciçamente, é porque se espera que sua cotação caia. Foi o que fizeram as bolsas mundiais nesta segunda-feira, véspera da eleição nos Estados Unidos. Lá, a alta passou um pouco de 2%, o que não é muito comum, no Brasil o avanço quase encostou em 4% – ficou em 3,98%. Tudo resultado do alívio em relação ao risco da eleição de Donald Trump.
Caso o republicano – muito menos pelo partido do que pelas inclinações pessoais – se eleja, há projeções de queda de até 10% no índice S&P, o mais abrangente na bolsa americana. Apesar da aparente descompressão, provocada especialmente pelas pesquisas, o risco Trump não está totalmente fora de cenário.
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André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos, avalia que os dois candidatos terão problemas sérios a resolver, econômicos e geopolíticos. A dificuldade, pondera, é que Trump agrava ao menos três: o cumprimento da ameaça – ou será bravata – de construção do muro e expulsão dos islâmicos, a velocidade com que aprenderá como funciona a máquina pública dos Estados Unidos e a falta de apoio até em seu próprio partido.
Além de isolar a maior economia do mundo, projeta Perfeito, uma eventual eleição de Trump deve adiar a decisão do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) de elevar o juro, ao menos até que seja possível aferir o real impacto econômico de um imprevisível na presidência. Mesmo assim, lembra, o dólar tende a subir nessa hipótese que a maior parte da racionalidade econômica prefere não testar.
– Se vai ser ruim para os EUA, vai ser pior para todo o mundo – resume o economista.