À primeira vista, a queda profunda – a maior desde janeiro de 2012 – na produção industrial de agosto leva o Brasil de volta ao coração da crise. Desde o início desde ano, havia uma mescla de recuperação cíclica e melhora nas expectativas que deu ao país um alento que mereceu criatividade nas descrições – de ''parou de piorar'' a ''despiorou'' – porque não havia sinais claros de melhora.
Pode ser um susto, mas pode ser pior do que isso. O segmento que mais puxou para baixo o número nacional foi de veículos automotores, reboques e carrocerias, que engatou 10,4% na marcha à ré. Como o é uma área importante para a indústria gaúcha, faz supor que os dados regionais mostrem que o Estado sofreu com o mês negativo.
Leia mais
Depois do resultado das urnas, hora de abrir o saco de maldades
Ocupação na indústria em agosto volta a crescer após cinco anos
Desemprego sobe e atinge 204 mil pessoas na Grande Porto Alegre
No entanto, os dados de sondagem industrial de agosto, divulgados pela Fiergs na semana passada, mostraram a maior alta mensal no índice de produção da indústria gaúcha desde fevereiro de 2014, de 5,4, para 52,9 pontos no mesmo mês. Até o indicador de emprego apresentava leve melhora, apesar de ainda trafegar na parte negativa da sondagem, abaixo dos 50 pontos.
Como boa parte da recuperação na sala de máquinas da economia foi obtida com a reativação da exportação, por sua vez creditada à alta do dólar, a reação do real é uma dos responsáveis pelo retrocesso. Pode, portanto, ser reativada se o Banco Central tiver disposição e bala na agulha. Mas um sinal de alerta na pesquisa do IBGE é a disseminação do desempenho negativo, que pode indicar que a melhora das expectativas obedece ao velho clichê: é condição necessária, mas não suficiente para a recuperação. Hora de acelerar a estratégia e criar novas expressões. Agora, é preciso retomar a recuperação.