Digamos que o BNDES esteja certo, e um banco público com recursos escassos tenha de ser seletivo e coerente com os compromissos do governo. Há vários investidores chineses, asseguram interlocutores que preparam projetos de geração a carvão, dispostos a bancar usinas no Estado. Terão ainda mais componentes chineses e pouco ajudarão a dinamizar a indústrial local, mas é defensável.
E digamos que, dos cerca de R$ 15 bilhões em parques eólicos que poderiam se habilitar ao leilão de dezembro, o Rio Grande do Sul conseguisse aprovar o equivalente a seu peso no PIB, garantindo compra futura – e consequente porta aberta de viabilização – para ''apenas'' R$ 1 bilhão. Ainda é muito dinheiro, mais do que em qualquer outro setor que esteja tentando reagir à crise neste momento. Diferentemente do carvão, energia eólica, portanto renovável, tem apoio do BNDES para os chamados ''itens financiáveis'', que são exatamente os produzidos no Brasil.
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Qual foi o movimento dos gaúchos para tentar reverter uma nota técnica sobre a qual não existe consenso? Enviar um ofício ao Ministério de Minas e Energia e esperar resposta. Não é pouco? Para lembrar: a nota técnica do Operador Nacional do Setor Elétrico (ONS) afirma que a linha de transmissão que garantiria que a energia gerada no Sul de fato entrasse no sistema só ficará pronta em março de 2019.
A energia tem de entrar no sistema em junho daquele ano e há exigência de seis meses para que a estrutura passe por testes. Detalhe: a estatal responsável pela construção e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) trabalham com prazo de dezembro de 2018. Há, no mínimo, uma confusão a ser esclarecida. A coluna se mobilizou, o jornal se mobilizou. Não está na hora de uma ação mais decisiva de todos nesse sentido? Sim, esta é uma provocação. Bahia e Rio Grande do Norte, com menos argumentos, estão mais mobilizados.