Intrigada com lojas novas da Chocólatras Anônimos brotando em vários cantos de Porto Alegre, em bairros e em shoppings, a coluna foi averiguar o que estava acontecendo. Encontrou o argentino Nicolás Fainstein, que chegou à capital gaúcha para ajudar o irmão a tocar a rede de sorveterias Chungo – sim, apreciadores do verdadeiro helado arxentino, lamentamos, mas fecharam todas.
Tudo começou quando a Chungo foi buscar fornecedores para suas lojas de Porto Alegre e encontrou o núcleo inicial da Chocólatras, aberta por cariocas que migraram para a capital gaúcha por motivos pessoais. Nicolás fez as contas passo a passo, enquanto conversava: a pequena produção artesanal, que funcionou com uma lojinha na Rua Nova York migrou para uma fábrica no bairro São Geraldo. E em um ano e meio, o minúsculo ponto de venda da Rua Dinarte Ribeiro virou uma rede de oito unidades, com investimentos somados de R$ 1,95 milhão. E isso tudo no meio de uma das mais brabas crises que o Brasil já viveu.
– Fizemos parcerias para expandir o negócio porque estamos convencidos de que crises sempre são passageiras. O Brasil e a Argentina são países cíclicos, para buscar estabilidade é preciso trabalhar dobrado. Nesse período, não baixamos a qualidade, ao contrário, apostamos em elevar o nível. Sabemos que em períodos de dificuldade as pessoas não têm dinheiro para sair muitas vezes, então pensam duas vezes no que vão gastar, e querem mais retorno pelo seu dinheiro – explica, sobre a rápida expansão em cenário hostil.
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Por enquanto, a rede opera com fábrica e duas lojas próprias e outras seis em concessão de marca – cada uma com um parceiro diferente. Os espaços ocupados pela sorveteria Chungo nos shoppings Praia de Belas e BarraShoppingSul mudaram para vender delícias para viciados anônimos ou famosos em chocolate. E agora a Chocólatras Anônimos começa a preparar o processo para montar um sistema de franquias. Depois de conversar e pensar mais um pouco, o empreendedor admite:
– Até mesmo nós nos surpreendemos com a velocidade do crescimento. Agora queremos manter o rumo do barco. Temos muita procura de outros Estados, de shoppings, temos de trabalhar para adaptar processos e seguir crescendo.
Nicolás explica que a Chungo durou algum tempo em Porto Alegre, mas não prosperou por conta de dificuldades cambiais com a importação de sorvete da Argentina.