Desde o ano passado, sabe-se que o Grupo Dimed, dono da rede de farmácias Panvel, abriria sua primeira unidade em São Paulo, parte da expansão da empresa gaúcha. Depois de algum atraso na conclusão do shopping Morumbi Town, a data foi definida, e consumidores do Sudeste terão seu primeiro contato com lojas físicas da rede.
O desembarque por lá é embalado pelo consumo online de moradores de fora da Região Sul, mas Julio Motin Neto, que assumiu a presidência do Dimed em janeiro, avisa que será um teste. Desembarque numeroso, mesmo, só em 2018.
Quando será inaugurada a primeira Panvel de São Paulo?
Está confirmada para 11 de outubro, no shopping Morumbi Town. Atrasou um pouquinho por questões operacionais do shopping. Aliás, a Tramontina vai inaugurar no mesmo dia uma loja, no mesmo andar. Será o andar dos gaúchos porque há Panvel, Tramontina e Zaffari, que já abriu.
O que levou a Panvel a São Paulo?
Havíamos sido convidados antes, em 2008, quando o Zaffari havia inaugurado a primeira loja em São Paulo. Naquela época, São Paulo ainda estava distante de nossa estratégia de expansão. Hoje a situação é outra. Temos 35 lojas em Curitiba, a 400 quilômetros de São Paulo. A rede também tem unidades em Londrina e Maringá. É uma consequência natural da nossa expansão, que tem estratégia geográfica.
O próximo é São Paulo, mas temos cautela. É só uma loja em São Paulo, e continuará sendo uma loja neste e no próximo ano. Estamos fazendo um teste antes de encarar São Paulo em 2018. Tomamos cuidado grande para que a loja tenha tamanho considerável, com toda a gama de produtos. Queremos testar o modelo Panvel para ver o que funciona e o que não funciona.
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Como será o crescimento em São Paulo a partir de 2018?
Vamos partir para busca de pontos. Seriam mais ou menos umas 10 lojas na capital paulista em um ano. Algo em torno disso.
Qual é a ambição da loja?
É grande, com 320 metros quadrados. Em termos de tamanho, é mais ou menos como a da Avenida Nilo Peçanha (perto do viaduto da Carlos Gomes), em Porto Alegre. O espaço da rede vem crescendo até pela evolução da categoria de higiene e beleza. Hoje 35% do faturamento da Panvel vem do segmento. Quando entrei na companhia, há 20 anos, representava 18%. Houve crescimento muito grande. Isso obrigou as lojas a terem um espaço maior para agregar novas categorias de produtos. Temos mix muito grande na categoria infantil, que é a principal dentro de higiene e beleza. A farmácia teve que se adaptar. Não abrimos lojas com menos de 200 metros quadrados. Precisam ter no mínimo 15 vagas de estacionamentos, quando é unidade de rua.
Qual o investimento na loja paulistana?
Foi de R$ 1 milhão. É um padrão novo, há mais três lojas semelhantes em fase de teste. A unidade tenta aumentar a venda por impulso e facilitar o fluxo do cliente. Temos preocupação com a sinalização dos itens. Estamos investindo agora em novos produtos, como pilhas, capinhas de celulares, fones de ouvido, carregadores para os aparelhos. Tudo faz parte da ideia de conveniência. Haverá espaço com mais mostruários do que o normal. As pessoas poderão experimentar os produtos. É uma característica do varejo físico.
Os produtos da marca Panvel terão peso especial em São Paulo?
Terão o peso que já apresentam nas grandes lojas, talvez um pouco mais nesse caso, que é importante na formação da marca. Chamávamos essa linha de marca própria, hoje chamamos de Produtos Panvel. Tornaram-se um diferencial importante, porque extrapolam nossa capacidade de competição do segmento de farmácias. Competimos com Natura, O Boticário, Avon, marcas que não estavam no nosso radar. Marca própria tem de ser boa e, depois, ter preço adequado. Isso gera interesse até em regiões em que não estamos presentes.
A Panvel tem 1,5 milhão de seguidores no Facebook. É um número significativo. Para minha surpresa, a segunda maior cidade em número de seguidores é o Rio de Janeiro. São 180 mil cariocas. No ambiente digital, fala-se muito dos produtos de beleza. Além disso, há outras curiosidades. Aeromoças recebem encomendas de produtos para levar a outros Estados. Facilitamos a vida delas com a abertura de loja no aeroporto Salgado Filho, há quatro meses. A Panvel é falada e desejada. As pessoas querem provar os itens que veem na internet.
Há um produto de destaque?
A linha de maquiagem, que representa 20% das vendas da marca Panvel. E 18% da categoria higiene e beleza.
Há intenção de evoluir para o modelo americano de drugstore, além da conveniência?
O modelo americano extrapola porque inclui comidas e bebidas alcoólicas. Algumas vendem até cigarros. A CVS acabou de renunciar a isso, era uma receita de bilhões. Estamos investindo muito na sinalização de categorias para economizar o tempo do consumidor.
É uma etapa da expansão nacional?
Não. É uma etapa do plano de entrada da Panvel no Sudeste. Temos ainda boas cidades no Paraná, consolidando a posição no Sul. A Panvel deve entrar neste ano e em 2017 com lojas em Cascavel, Toledo, Guarapuava, Pato Branco, Foz do Iguaçu, onde ainda não estamos. É nosso plano. Queremos colocar o pé no Sudeste. Para virar nacional, ainda falta muito.
Como foi assumir como presidente da empresa em janeiro?
Foi bem tranquilo. Ajudou o fato de estar na empresa há 20 anos. Foi um processo validado pelos acionistas, o que traz segurança para a gestão. Ganhamos em governança corporativa porque passamos a ter uma diretoria executiva separada do conselho de administração.
A Panvel segue sendo boa de crise?
Sim, temos um bom crescimento no ano. O faturamento cresceu 16,5% no primeiro semestre (sem descontar a inflação). Em resultado, também tivemos um aumento significativo, com mais de 25%.
O que permitiu isso?
O segmento é estável, mas acreditamos em disciplina estratégica. O Brasil é feito de ciclos. Se todo país está em um fuzuê de consumo, não é por isso que devemos acelerar o crescimento. Isso nos dá segurança nos momentos difíceis. Preserva a cultura da empresa. Temos preocupação com as pessoas que trabalham com a gente, que são a bandeira da cultura da rede. Uma marca sem cultura e propósito tende a desaparecer.