Da forma como atuam no Brasil – desde muito tempo –, os fundos de pensão funcionam como um dos elos do capitalismo de compadrio que marca o país. Os apelos por "abrir a caixa-preta" dessas entidades podem comemorar festas de décadas, com direito a bolo e velinhas. Assim como assinam muitos dos projetos de desenvolvimento no país, os poderosos fundos de pensão e seus investimentos bilionários estão e estiveram envolvidos em quase todos os escândalos da história recente do país.
Essenciais em qualquer democracia e toda economia, fundos de pensão de estatais têm o dever de investir mirando o melhor resultado para seus associados, os servidores das empresas. Existem em todos os países estruturados, com uma diferença essencial: a transparência. A prestação de contas é essencial porque essas entidades movem bilhões e têm pesada contribuição de dinheiro público – a contribuição descontada dos funcionários é feita com a contrapartida do caixa de seus empregadores, por sua vez alimentada por recursos dos contribuinte.
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Estudo divulgado no início deste ano situou os ativos dos fundos nacionais em US$ 180 bilhões, um acréscimo de US$ 45 bilhões desde 2005. O levantamento da empresa Willis Towers Watson, consultoria global especializada em gestão de risco e seguros, situou o Brasil no sexto lugar no aumento de volume de recursos movimentados por fundos de pensão entre 19 países verificados. Os valores envolvidos nos ativos das entidades alcançam a soma de US$ 180 bilhões, com dados fechados em 2015.
Agora, tentar desvendar com precisão o peso da participação dos fundos nas maiores empresas privadas nacionais é como entrar no labirinto de Minotauro sem o fio de Ariadne para sair. As participações societárias são embaladas em complexas subholdings, de forma a encobrir o real peso do dinheiro público envolvido no processo.
A empresa gaúcha que foi alvo da operação da Polícia Federal, a Bolognesi, notabilizou-se por crescimento rápido em associação com Fundo de Investimentos em Participações (FIP) formado por oito fundações, entre as quais Petros, Funcef e Postalis, algumas das investigadas. Não quer dizer, necessariamente, que haja irregularidades. Mas sempre é bom esclarecer.
Quase todo escândalo bilionário no Brasil tem na origem, no processo ou na conclusão algumas dessas entidades, exatamente as envolvidas na operação de hoje. Privatização da Telebras? Havia manobras dos fundos. Operação Satiagraha? Presentes. Mensalão? Carimbaram o passaporte. Não podiam ter ficado for da Lava-Jato. Depois de tantas tentativas de abrir a tal caixa-preta, não há outro remédio senão presumir que a atual corre o risco de repetir a história. Para alguém, sua opacidade é conveniente.