Sim, a reforma trabalhista do governo, ainda em discussão, propõe legalizar jornadas diárias de 12 horas. Não, a proposta não determina que, se aprovada a nova lei, todos os brasileiros terão de trabalhar 12 horas todos os dias. A regra atual só autoriza períodos de até 10 horas, ainda assim interrompidos por intervalo.
Da forma como foi anunciada, essa mudança em particular foi um desastre de comunicação. Advertido de que a repercussão havia sido negativa, o ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, abusou de adjetivos e figuras de linguagem – falou em ''absurdo'' e em ''escravidão'' – para tentar apagar a má imagem, mas criou quase mais confusão do que a original.
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Debate sobre reforma trabalhista começa com jornada de 12 horas
O que está proposto é a possibilidade de a jornada alcançar 12 horas, desde que não excedida a carga semanal, computadas as quatro horas extras legais, de 48 horas. Várias categorias podem ser inclusive beneficiadas pela mudança, porque organizam melhor sua vida. A intenção era desengessar a legislação, queixa comum a empregados e empregadores, mas o que acabou reverberando foi uma intenção de prejudicar trabalhadores. E não foi bom começar a discussão da reforma trabalhista por esse tópico, que gera mais ruído e resistência do que o necessário.