O amplo repertório de palavras e expressões inventadas ou adaptadas para descrever a situação econômica brasileira neste período – parou de piorar, despiorou, crise perde fôlego –, começou a ser usado no final do primeiro trimestre, mas um indicador essencial para a saúde da atividade de um país ainda está se deteriorando. Com menos velocidade, é verdade, mas o desemprego ainda aumenta, conforme o recorte regional da pesquisa Pnad Contínua Trimestral divulgada nesta quarta-feira pelo IBGE.
No painel de sinais vitais da economia, o desemprego não é o termômetro, quer dizer, não é um dos primeiros sintomas de que algo não vai bem no organismo. Cortes e reestruturações são, com frequência, adiados até seu limite, tanto por representar custos quanto por serem contraproducentes. Todo empresário sabe que, quanto mais gente sem trabalho, menos consumo, menos vendas, menos produção, menos resultados.
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Os economistas avaliam que é um dos dados que mais tardam a apresentar reflexos da recessão, mas também um dos que mais demora para começar a se recuperar. É por isso que a taxa surpreendentemente menor no Rio Grande do Sul, onde a crise chegou antes, pela via das dificuldades nas finanças públicas, tem de ser encarada com cautela. Ter 8,7% da mão de obra ativa desempregada no Estado, entre abril e junho, é bem mais complexo do que os 5,9% sem trabalho no mesmo período de 2015. Mas é – de novo – menos pior do que ter 15,8%, como no Amapá.
Embora já comecem a surgir sinais de recuperação, tanto em levantamentos segmentados quanto em indicadores antecedentes, a melhora do emprego é a mais refratária à simples retomada da confiança. Para voltar a contratar, é preciso ter sinais mais firmes do que o mero alívio. É isso que os empregadores esperam para voltar a fazer seleções.