Apesar de o juro básico não se mexer desde setembro de 2015, as taxas de mercado subiram pela 22ª semana consecutiva, conforme pesquisa da Anefac. E a explicação é simples: quem faz empréstimo e paga em dia cobre o custo da inadimplência nos bancos, que disparou com a crise.
Miguel Ribeiro de Oliveira, diretor-executivo da entidade, atribui boa parte do aumento de 66,38 pontos percentuais no custo médio do dinheiro para pessoa física à disseminação nos calotes, que também vem corroendo os ganhos dos bancos.
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– Isso que a inadimplência só não subiu mais porque os bancos vêm fazendo acordo com credores para não ter de elevar as provisões – pondera Ribeiro. – É a velha história de os bons pagarem pelos maus pagadores.
Apesar de apontar custo anual de até 447% no rotativo do cartão de crédito para pessoa física, avalia que ainda há risco de as taxas de mercado subirem antes de começarem a declinar. O especialista compartilha da expectativa de que o juro básico comece a cair no final deste ano. Ainda assim, será um processo lento e gradual. Deve começar mais como um sinal do que como um corte que faça diferença, algo como 0,25 ponto, e talvez manter esse ritmo até o cenário ficar mais desanuviado.
Entre os motivos, estão novos e velhos riscos no horizonte, como a abrangência da delação de Marcelo Odebrecht e os fatores internacionais que pesam na inflação local – da alta de juro nos EUA até os primeiros passos do Brexit, se é que serão dados. E ainda é preciso desarmar a arapuca do desemprego, ao mesmo tempo causa e consequência da elevação dos calotes e das taxas elevadas.