Uma das grandes surpresas dos primeiros vazamentos – ainda pendentes de comprovação – sobre a delação de Marcelo Odebrecht e de outros executivos da maior empreiteira do país é um de seus alvos. Conforme antecipado por jornais e revistas durante o final de semana, um dos pontos que Odebrecht estaria disposto a comprovar seria o repasse de dinheiro vivo a campanhas.
Entre as beneficiadas, estaria a de Paulo Skaf, que em 2014 se licenciara da presidência da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) para disputar o governo de seu Estado pelo PMDB. Caso se comprovem as alegações, o maior empreiteiro apontaria o dedo contra o dirigente de uma das maiores e mais poderosas entidades empresariais do país. Que, ao que consta, tinham boas relações.
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Embora as revelações devam ser recebidas com cautela, por ainda carecer de confirmação, até agora foram raros os casos de vazamento não sustentados por, ao menos, um conjunto de depoimentos. A candidatura de Skaf, assim como sua liderança na campanha “Não Vou Pagar o Pato”, representavam uma espécie de reação ao que o juiz Sergio Moro já chamou de “quadro de corrupção sistêmica”. As iniciativas eram vistas como as de um empresário que ousava quebrar o monopólio da política profissional.
Para reagir às acusações, o dirigente empresarial repetiu argumentos usuais em situações similares. Em nota, afirma que “não participou, nem organizou, e muito menos foi mentor, de qualquer jantar” – no qual teria sido negociada a contribuição –, “jamais recebeu qualquer doação eleitoral não contabilizada” de qualquer empresa e também diz ter recebido “doações legais de empresas por meio das direções nacional e estadual do PMDB”.