Há um ano, o fato de o centro comercial OEZ (Olympia-Einkaufszentrum) ficar exatamente na saída de uma das estações de metrô próximas ao Parque Olímpico de Munique, provocou que eu fizesse uma incursão rápida pelos seus corredores. Era uma manhã de sábado, e o público do shopping era totalmente classe média, já que o mix de lojas do empreendimento favorece o fluxo desse tipo de público.
O que se sabe até agora é que a polícia local investiga o caso como um ataque terrorista. Difícil entender a escolha. Além de ser uma área verde agradável e cheia de atrativos, o Parque Olímpico é cenário de um fato histórico, o atentado cometido pela organização Setembro Negro, exatamente durante a Olimpíada de Munique, em 1972.
Os alojamentos dos atletas, onde parte da delegação israelense foi sequestrada e levada até um avião no aeroporto da cidade, foram preservados. É parte da cultura alemã, de preservar símbolos de um passado constrangedor ou mesmo vergonhoso, para evitar sua repetição. Vale para ícones do nazismo, vale para o atentado que pôs à prova os serviços de segurança da competição.
Munique é uma cidade no sul da Alemanha – mais famosa pela Oktoberfest – onde se percebem claramente signos de convivência tranquila entre alemães que gostam de preservar tradições como a festa internacional regada a cerveja, imigrantes turcos e do mundo árabe.
Em nenhuma outra cidade da Europa vi tamanha quantidade de mulheres usando o niqab – roupa toda preta, com véu sobre o rosto que só permite ver os olhos. Mais para eles do que para nós, estão todos integrados na paisagem, sem estranhamento. Espero que possa continuar assim.