A combinação de recessão prolongada e alta dos juros que fez o país bater o recorde de pedidos de recuperação judicial no primeiro semestre de 2016 parece ter atingido o Rio Grande do Sul de forma ainda mais drástica. A busca pelo mecanismo, usado por empresas para se protegerem da cobrança de dívidas enquanto tentam se reestruturar, cresceu 87% no país nos seis primeiros meses do ano. No Estado, foram 113 companhias (12% do total nacional), alta de 242%.
Apenas em junho, mostra levantamento da Serasa Experian feito a pedido da coluna, foram 33 requerimentos. O número é igual a todo o primeiro semestre de 2015 no Estado. O economista Luiz Rabi, da Serasa, lembra que, com a economia andando para trás, cai brutalmente a geração de caixa das empresas e, mesmo que o Banco Central (BC) pareça começar a se encaminhar para cortar a Selic a partir de outubro, as instituições financeiras no mercado seguem elevando suas taxas.
– Os bancos continuam encarecendo o crédito por causa da inadimplência. Ficam mais seletivos, criteriosos, e mesmo quem consegue empréstimo acaba tendo um custo financeiro mais elevado – aponta Rabi.
Outro ponto curioso, cita o economista, é a participação cada vez maior de grandes empresas nos números. Entre elas, empreiteiras envolvidas na Operação Lava-Jato. O caso rumoroso mais recente, mês passado, foi da telefônica Oi, que com uma dívida de R$ 65 bilhões é protagonista do maior processo de recuperação judicial do país.
– A participação das grandes empresas não passava de 15%, e agora chega a 20% – nota Rabi.A expectativa da Serasa é de que o país feche 2016 com cerca de 1,8 mil pedidos de recuperação judicial. Se isso ocorrer, o número segue crescendo, mas desacelera.
*Interino da coluna +Economia. A titular, Marta Sfredo, está em viagem.