Boa parte do bom humor no mercado financeiro, especialmente na bolsa, que atingiu 56 mil pontos pela primeira vez neste ano, vem do cenário externo. Quando o mundo é sacudido por atentados sangrentos, reviravolta em tentativas de golpe e atos de terror explícito – como o ataque a machadadas em um trem alemão –, olhar com benevolência o quadro global parece contraditório. O mercado financeiro mira, quase sempre, não a vida real, mas seu próprio universo.
Com a perspectiva de alta no juro básico nos Estados Unidos cada vez mais afastada, e a improbabilidade de corte na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) na reunião desta semana, o que os investidores veem é que continuarão podendo extrair ganhos polpudos no Brasil.
É bom lembrar que, na bolsa, mais da metade do movimento vem de estrangeiros. Trazem dólares obtidos a custo baixo ou até subsidiado – quando há juro negativo – para ganhar no câmbio e com juro alto. Se é certo que a situação da economia real está “menos ruim” – nesta segunda-feira, a projeção de queda no PIB voltou a encolher, de 3,30% para 3,25% –, as apostas do mercado independem dos fundamentos da economia brasileira.
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Otimismo requer pés no chão
Nem a incerteza decorrente do aumento do risco de atentados e das incertezas no eixo entre a Europa e a Ásia abalam essa tendência. Até o patinho mais feio dos papéis que fazem diferença, os da Petrobras, recuperam-se diante dos olhos de analistas nacionais e externos. Isso que seu presidente, Pedro Parente, fez questão de afirmar que a privatização total da empresa ainda é um “dogma” no Brasil.