Como é normal, o Fundo Monetário Internacional (FMI) está um pouco atrasado nas projeções mais benignas para a economia brasileira. Apesar do desgaste dos últimos anos a instituição ainda tem peso internacional nada desprezível e voz forte nos mercados.
Para um país que depende – como poucas vezes em sua história – de capital externo, uma coisa é o Relatório Focus, publicação do Banco Central montada a cada semana a partir de consultas a uma centena de analistas que atuam no país, projetar recessão menos feroz no país há três semanas, outra é a chancela desse ponto de vista por uma das fontes mais citadas pela impresa internacional.
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Embora “atrasadas” em relação ao que se espreita internamente desde o final de abril, as expectativas mais animadas – ou ao menos menos funestas – do FMI para o Brasil chegam em boa hora. Uma recessão menos aguda neste ano – 3,3% de queda, em vez dos 3,8% projetados antes – já está nas contas da média dos analistas brasileiros desde o início do mês.
A maior defasagem entre a projeção do FMI e as das mais antenadas consultorias internas é na estimativa para 2017. O Fundo ainda está em 0,5%, a média alcança 1,2% e os mais saidinhos falam sem constrangimento em 2%, caso de Sérgio Vale, ouvido pelo repórter Caio Cigana em reportagem na página ao lado, e de José Roberto Mendonça de Barros, entre outros.
Para o Brasil, que parte depois da Argentina na missão de atrair capital internacional, o atraso do FMI vem em boa hora. Ajuda tanto a quebrar as perspectivas maciçamente negativas, por parte dos menos informados, quanto reforça a expectativa de que o prazo para o país voltar a se tornar um destino viável para investidores que já mostram brilho nos olhos em relação à recuperação brasileira. E facilita o trabalho do governo – que ainda não começou, mas não pode tardar muito – de convencer os mais refratários sobre o novo despertar do gigante.