A Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) divulgou nesta terça-feira o que deve ser a única a revisão das projeções feitas para a balança comercial, neste ano mantendo a indicação de queda das exportações. Segundo o presidente da entidade, José Augusto de Castro, a previsão é que as exportações recuem 1,9% em relação a 2015, para US$ 187,504 bilhões, e as importações caiam 18% na mesma base de comparação, para US$ 140,570 bilhões. O resultado seria um superávit comercial neste ano de US$ 46,934 bilhões, elevação de 138,4% frente ao obtido no ano passado.
Na avaliação de José Augusto, apesar do número robusto, o resultado será negativo por ser gerado, mais uma vez, por queda das importações e não por elevação das exportações. O empresário destaca, porém, que o numero, caso se confirme, será um recorde histórico, superando os US$46,456 bilhões apurados em 2006.
A análise da AEB destaca que o ano de 2016 deverá ser o quinto consecutivo de queda das exportações, passando de US$ 256,039 bilhões em 2011 para estimados US$ 187,504 bilhões em 2016, queda acumulada de 26,8%. José Augusto destaca que o superávit de US$ 46,934 bilhões projetado na revisão é 60,5% superior aos US$ 29,228 bilhões estimados em dezembro de 2015.
O valor da corrente de comércio – soma de tudo o que o país compra e vende no Exterior – projeta US$ 328,074bilhões para 2016, redução de 9,5% em relação aos US$ 362,583 bilhões de 2015. Em relação ao recorde registrado em 2011, de US$ 482,286 bilhões, a corrente de comércio de 2016 representa expressiva retração de 32%.
Os três principais produtos da pauta de exportação – soja em grão, minério de ferro e petróleo – podem representar 23,1% das exportações em 2016, menos do que a fatia de 24,5% que ocuparam em 2015. A projeção da AEB aponta que pelo, segundo ano consecutivo, a soja será o principal produto de exportação do Brasil. Até a primeira quinzena de julho, foram embarcadas 42 milhões de toneladas do grão, representando 76,4% das 55 milhões de toneladas programadas para embarque em 2016.
De acordo com Castro, apesar da taxa cambial mais favorável vigente no 2º semestre de 2015 e no 1º semestre de2016, a participação dos produtos manufaturados na pauta de exportação permanecerá praticamente inalterada em torno de 38%. “Isso comprova que a taxa cambial ajuda, mas não resolve o problema do elevado "Custo-Brasil", que depende de reformas estruturais e prejudica a competitividade na exportação”, analisa.
A recente valorização cambial do real e a saída do Reino Unido da União Europeia poderão, segundo Castro, impactar negativamente as exportações de manufaturados em 2016, as quais 60% estão concentradas na Aladi e nos Estados Unidos.
A previsão da OMC de crescimento de 2% do comércio mundial em 2016 e a queda de 2,1% prevista nas exportações brasileiras deverá reduzir de 1,16% para 1,11% a participação do Brasil nas exportações mundiais, fazendo com que o País perca a 25ª posição no ranking de exportação.
“As projeções foram baseadas nos cenários e perspectivas atuais, que podem ser alteradas com mudança na recessão interna refletindo nas importações, no nível de crescimento da China impactando exportações de commodities e na crise da Argentina refletindo nos manufaturados”, explica Castro.
“A previsão para 2017, de forma ainda preliminar, é um crescimento do PIB próximo a 2% e taxa de câmbio ao redor de R$3,20, com exportações estimadas de US$190 bilhões, importações de US$155 bilhões e o superávit de US$35 bilhões”, conclui.