Com a nova queda de 4,81% na arrecadação de tributos federais como contraponto, a economia já acumula um conjunto respeitável de indicadores que, se ainda não apontam recuperação, começam a sinalizar que o pior já pode ter passado para a economia brasileira. O mais abrangente é o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), que mostrou levíssima oscilação positiva, mas, mais importante, interrompeu uma série de 15 meses de queda.
É o que a coluna já chamou de ''despiora'', porque ainda não começou a melhorar. Assim como a leve variação positiva das vendas no varejo em abril (0,5%) e da produção industrial nos últimos três meses, na comparação com o período imediatamente anterior, são números alentadores. No entanto, embutem melhora tão tênue que pode ser abalada por qualquer incidente de percurso.
Esses sinais representam a melhor oportunidade de sonhar com a chegada àquele momento em que o país atinge o ponto de inflexão. Não significa que tudo se deva à mera troca de time no Planalto: muitos indicadores começaram a se inverter ainda em abril. Ou seja, parte da melhora do clima é política, parte não tem nenhuma relação com os alentos e os sustos de Brasília.
Mas exatamente por serem ainda frágeis, não resistirão a grandes solavancos políticos. Um país que perde quase um ministro por semana, em meio a suspeitas de que novas relevações possam afetar outros mais, está longe tanto da estabilidade política quanto da econômica. É por isso que a calibragem das expectativas, neste instante, é a estratégia mais delicada da República. Sinais errados, decisões tardias, falta de sintonia com as ruas podem trazer, como ressaca de grandes esperanças, enormes frustrações.