Depois de nomear para a presidência da Eletrobras Wilson Ferreira Jr, que na semana passada, ainda como presidente da CPFL, havia anunciado o início do processo de consolidação do segmento de distribuição de energia com a compra da AES Sul, o presidente interino Michel Temer editou uma medida provisória, de número 735, que facilita a transferência do controle de ativos e as privatizações de empresas do setor.
Totalmente desorganizado por uma sucessão de más decisões governamentais, o setor elétrico deve passar por uma grande mudança de controle, com presença inclusive de investidores estrangeiros. A chinesa State Grid é uma das grandes candidatas a aumentar sua presença no mercado nacional. Empresas que haviam sido absorvidas pela Eletrobras para evitar quebra e interrupção de serviços são as primeiras da fila, mas é bom lembrar que a privatização de estatais estaduais está entre as condições da renegociação das dívídas das unidades da federação.
Um dos trechos da MP que mais chama a atenção dos gaúchos é o que determina que o ''plano de transferência de controle societário deverá demonstrar a viabilidade da troca de controle e o benefício dessa medida para a adequação do serviço prestado''. Mais, define que a ''aprovação do plano suspenderá o processo de extinção da concessão''. Como se sabe, a CEEE-D, empresa de distribuição do governo gaúcho, teve concessão renovada sob condições de melhoria de prestação de serviços e de situação econômico-financeira. E, também para lembrar, Wilson Ferreira Jr. foi explícito ao dizer que a CEEE estava entre os interesses futuros da CPFL. Por fim, a Eletrobras, que o executivo passa a presidir, tem 30% do capital da estatal gaúcha.